Como diretores de fotografia trabalham com atores
Já falamos anteriormente sobre a direção de atores e o trabalho intenso entre eles e diretores, mas como é parte da relação entre eles e diretores de fotografia? Transcrevemos o vídeo da Cooke Optics Tv que ajuda a contar um pouco mais sobre ela, nele alguns diretores de fotografia de grandes produções contam um pouco mais sobre como lidam com atores e diretores.
Fabian Wagner
Diretor de Fotografia – Liga da Justiça, Game of Thrones, Sherlock
Nós (eu e o diretor) conversamos sobre posicionamento e o que funcionaria na cena. Você nunca sabe ao certo e isso é uma das coisas legais, o ator pode vir ao set e geralmente eles vão exatamente ao canto oposto que você estava pensando ou que gostaria que eles fossem, pois você poderia iluminar melhor.
Gavin Finney
Diretor de Fotografia – Wolf Hall, The Fear, De Bico Calado, Missão Especial de Natal
Eu geralmente fico mais feliz com o diretor no mesmo ambiente, se ele está em outro ambiente no monitoramento de vídeo, está perdendo muita coisa… perdendo aquele tipo de interação e perdendo o que não está na câmera, se ele está no mesmo local com um pequeno monitor é muito melhor e ele consegue obter o que quer do ator. Eu não tenho a autoridade de dizer para repetir algo, o diretor pode estar satisfeito e ele dirá para fazermos de novo se necessário, mas este diálogo precisa ser entre ator e diretor, você não pode entrar no meio dessa autoridade “ator/diretor”. Você pode ajudar a confirmar algo, mas ao final você precisa acreditar que o diretor vai obter o que ele quer. Pois, na verdade, o diretor pode estar tentando obter apenas um trecho de um plano de três minutos onde o ator não foi tão bem ao final dele, mas o diretor já conseguiu essa parte no plano anterior, então ele está tentando obter as primeiras falas e o ator não necessariamente sabe disso, então você lida com cuidado sobre o que o diretor quer obter.
Sean Bobbitt
Diretor de Fotografia – 12 anos de escravidão, O lugar onde tudo termina, Shame
Eu opero a câmera, então a tendência é que eu esteja muito próximo dos atores fisicamente, geralmente mais próximo que o diretor que geralmente está em um monitor um pouco mais longe. É uma relação bem interessante e desafiadora a que você desenvolve com os atores, pois você não é o diretor, não pode dar a eles direções e frequentemente ao final de plano os atores têm a tendência de procurar por alguma forma de aprovação e eu sou a pessoa que está mais perto deles, então geralmente olham para mim. Não posso dar a eles essa aprovação, não é o meu trabalho e não quero ficar entre o ator e o diretor. Rola muita diplomacia, eu sorrio muito, até pareço um pouco ingênuo. Mas eu não posso dizer nada, não depois do diretor ter falado com eles e mesmo assim eu nunca falarei diretamente com ator sobre qualquer coisa relacionada à atuação dele, eu falarei ao diretor e caberá a ele decidir se deve dizer ou não ao ator.
John de Borman
Diretor de Fotografia – Educação, Revolução em Dagenham, Ou tudo, ou nada, O quarteto
O diretor de fotografia não é só um cara técnico, ele precisa ter envolvimento emocional com a história, mas este envolvimento ocorre pelo lado visual, o diretor pode ter este envolvimento pelo lado visual também, mas ele é o principal responsável pela performance. A combinação de quando eu olho na lente e vejo algo na atuação, os atores gostam disso também, se eu olho e vejo algo que talvez não funcione tão bem, vou ao diretor e pergunto se ele não gostaria de fazê-lo novamente, pois houve um pouco de hesitação ou que não funciona e decidimos.
É sempre interessante ver como profissionais que já estão há décadas no mercado lidam com as relações dentro do set, além de importante, chega a ser essencial ouvir os mais experientes para não cometer erros ou causar mal estar em uma equipe de produção apenas por não saber ao certo como lidar em determinadas situações.