Teste de Latitude em Subexposição – GH4
Já citamos Shane Hurlbut anteriormente aqui no Cinematográfico, hoje ele está de volta com uma análise profunda sobre o limite da latitude na Panasonic GH4.
No vídeo a seguir ele “puxa” a exposição da câmera até o limite e dá dicas valiosas sobre a intensidade de luz de preenchimento e silhueta, assim como a exposição e saturação para a GH4 e algumas DSLR’s.
Panasonic GH4 – Teste de Latitude
- Qualidade: 4K UHD
- Lente: Veydra 25mm
- ISO: 800
- Temperatura:3200
- Obturador: 180º
Iluminação
- Preenchimento: F1.4
- Contra: F2.0
- Principal: F5.6
Como a luz principal é F5.6, isso significa que nosso valor IRE será definido por essa exposição. Antes de começarmos, cabe explicar que a exposição “-/+0” quer dizer que estão expondo exatamente para a luz presente no rosto da modelo.
Quando Shane estava gravando Ato de Valor com uma Canon 5D Mark II ele sabia que possuía 9 1/2 stops de latitude, isso dava a ele o feedback necessário sobre o que era preciso fazer para atingir determinadas iluminações como, por exemplo, criar a diferença entre luz de silhueta e principal.
O teste serve exatamente para atingir o limite da câmera, assim o diretor de fotografia sabe até onde pode ir com o equipamento e quando ele começará a deixá-lo na mão.
Exposição: F5.6
Iniciamos então com exposição padrão obtida pelo fotômetro que seria um F5.6 em um arquivo flat. Essa configuração gera a seguinte imagem:
Seguindo temos a primeira correção aplicada, o que gera este resultado:
A pele dela parece melhor após aplicá-lo, talvez fosse interessante saturar um pouco mais. Mas Shane diz ter percebido que nas DSLR’s uma pequena variação de saturação geralmente já fica proeminente ou ultrapassa o necessário, então é importante ficar atento a este detalhe no momento da exposição no set e, posteriormente, ao corrigir as cores. Essa é a comparação entre as duas imagens:
Ele gosta do cabelo e tom de pele da modelo, mas consegue perceber que a tabela de cores está um pouco sem saturação, no entanto, a questão da saturação muito delicada nas DSLR’s faz com que ele mantenha este nível.
Exposição: F4
Na sequência eles tiram um stop de exposição, ou seja, passando de F5.6 para F4.
Durante estes testes é possível descobrir não só o limite da câmera, como outros detalhes muito interessantes.
Por exemplo, durante o trabalho de Shane com a Canon 5D Mark II ele percebeu que a câmera não “gostava” da exposição precisa, conforme foi feito no primeiro teste no rosto da atriz.
Outras câmeras, como RED e Arri, adoram luz, mas com a Canon ele trabalhou sempre de 2/3 a 1 stop em subexposição.
Acima vemos a imagem já com a correção aplicada, ele gosta do resultado sem o grade e na apliação da correção dá para ver que, novamente, os tons de pele ganham vida, o cabelo dela ganhou riqueza.
Olhando atentamente não há grãos ou ruído, há um pouquinho na imagem por causa da compressão do Vimeo. Na comparação entre as duas imagens temos:
Para lidar com a GH4 em 2/3 ou 1 stop abaixo na exposição teríamos, por exemplo:
Se você vê seu medidor em 800 de ISO a F5.6 e queremos diminuir 2/3 ou 1 stop, você define seu medidor em 1280 ou 1600, isso irá te dar a subexposição desejada.
No terceiro teste ele busca a exposição ideal do início do vídeo, então puxa um pouco mais o contraste, dá para perceber que a câmera perde um pouco de saturação e um pouco de informação de cor.
Colocando o primeiro e segundo testes lado a lado dá para perceber que a subexposição ajuda nas cores e saturação dos tons de pele e cabelo.
Exposição: F2.8
Dando sequência ao teste passamos para um exposição com dois stops a menos, o que seria equivalente a F2.8. Esta é a versão flat da imagem:
Passando para a versão com correção de cor acabamos indo um pouco longe demais, ao descermos dois stops da exposição a imagem começa a ficar suja, fica um pouco esfumaçado nos pretos do lado esquerdo da imagem.
A cor mudou bastante, ela acabou ficando um pouco amarelada/dourada.
Logo depois eles puxam um pouco mais a exposição em F2.8 para -/+0, onde já é possível perceber bastante ruído. Explicando novamente: a câmera foi subexposta e depois a imagem está sendo “puxada” para buscar o 5.6.
Ela perde bastante saturação, mas como foi dito no início, adicionar saturação em arquivos de DSLR pode não funcionar muito bem.
Ao expor corretamente a câmera não entrega algo ruim, mas ao começar a exigir mais da exposição, começam os problemas. Na sequência temos a exposição inicial à esquerda e a subexposição em 2 stops com a tentativa de igualar o IRE da pele da modelo à direita. Para Shane, ela perde vitalidade.
Exposição: F2
Próximo passo: Exposição em menos 3 stops, ou seja, F2. O que Shane quer ver é a latitude na luz principal.
O que estamos procurando é quando a luz principal fica tão escura que você mal pode vê-la, essa é a latitude que você pode usar na sua luz de preenchimento.
Na comparação mesmo o arquivo flat já apresenta uma granulação.
Na sequência vamos tentar puxar a imagem para trazer o rosto à exposição ideal. Você começa a perder detalhe, há bastante ruído, a cor começa a se perder um pouco.
Vemos a exposição puxando o IRE ao lado da exposição com o grading feito, principalmente o tom de pele na exposição -3 não parece tão bom, ele aparenta ser falso, plástico, sem cor ou profundidade.
Enquanto na imagem com exposição -1 havia mais profundidade que a original, na exposição -3 tudo começa a se perder.
Exposição: F1.4
O próximo teste com menos um stop na exposição entrega a seguinte imagem:
Fazendo a correção de cor dela percebemos ser um bom patamar para o preenchimento, pois vemos que a luz principal acaba se tornando a de preenchimento. É algo que agrada aos olhos, como uma luz de preenchimento a noite.
Ao empurrarmos a exposição para a ideal acabamos vendo muito ruído, muitas câmeras acabam sucumbindo neste nível também, então isso não é exclusividade da GH4.
O nível de ruído é muito alto e nesta câmera ele não se parece com granulação, o visual fica bastante digital.
Exposição F1.0
Agora vamos diminuir a exposição em cinco níveis, este será um ótimo ponto para a definição de uma silhueta.
Você não necessariamente está procurando por emoções no rosto dela e sim um pouco de detalhe apenas para saber de quem se trata. Para Shane, provavelmente 4 stops e meio abaixo seriam ideais para este resultado.
Empurrando a exposição para a ideal a câmera atinge seu limite e a imagem fica péssima. O ruído digital toma formas verdes, vermelhas e azuis.
Definitivamente fora de qualquer padrão aceitável, mas era exatamente isso que estávamos tentando fazer, definir o limite da GH4.
Resumo dos Resultados Obtidos
Subexpor a GH4 entre -2/3 a -1 stop é uma ótima ideia. Porém, conseguimos perceber que não é muito viável subexpor muito a câmera e tentar trazer essa informação de volta, ela perde informação de cor e detalhes.
Lembrando que durante o processo de correção de cor qualquer variação de saturação acaba sendo extrema, este é um equipamento que naturalmente já trabalha no limite da saturação.
O ruído não parece em nada com granulação ou filme, ele tem cara de digital mesmo, principalmente quando está muito presente com variações RGB. Também aprendemos que uma subexposição em -4 stops é uma boa opção como luz de preenchimento e – 4 1/2 ou -5 stops é um ótimo visual para obter uma silhueta.
O ideal é assistir ao vídeo no Vimeo em 1080p para conseguir perceber todos os detalhes que Shane cita, no entanto, pode ser que algum deles não consigam ser notados rapidamente por causa da compressão do vídeo para web e também por Shane ter analisado o arquivo original em um monitor calibrado.
Por isso, em alguns momentos pode ser que a análise dele seja muito mais profunda e precisa do que conseguimos ver na imagem final comprimida.