Anatomia de uma cena – Invocação do Mal 2
Neste capítulo de “Anatomia de uma cena” do jornal “New York Times”, temos James Wan, o diretor de Invocação do Mal 2, explicando a construção de uma cena onde a utilização da profundidade de campo e edição de áudio trabalharam de maneira decisiva na construção narrativa.
“Olá, sou Jame Wan, o diretor de Invocação do Mal 2.
Esta cena em particular que estamos vendo é uma das duas cenas onde os personagens basicamente entrevistam Janet Hodgson, a garotinha que supostamente está possuída pela entidade que vive nesta casa.
Nós começamos a cena, ela bebe a água e a segura na boca e toda a ideia por trás dessa cena é que o personagem vivido por Patrick Wilson (Ed Warren) está tentando determinar se esta garotinha está ou não fazendo as vozes sozinha através de ventriloquismo ou se realmente está possuída.
O que quis fazer visualmente é que ao mantê-la fora de foco no fundo você começa a se questionar se ainda é a garotinha no fundo ou se ela se transformou na personagem que teoricamente estaria possuída.
Achei que esta seria uma boa maneira de fazer a sequência e não gravá-la na maneira tradicional. Deixá-la acontecer num único plano, acho que é uma boa quebra para toda a edição rápida no filme… mostrar essa sequência dessa forma.
No começo da sequência a garotinha disse que a entidade não falaria através dela se todo mundo estivesse olhando, por isso que Patrick (Ed Warren) está de costas para ela.
A razão para que eu quisesse fazer dessa forma é que quando chegamos ao final, mesmo que o público saiba parcialmente o que está acontecendo, nós nunca teremos certeza se isto ocorreu, pois todos os personagens na sala não veem realmente acontecendo.
Isso acrescenta essa camada de mistério e é algo que eu queria plantar pelo filme todo. Uma das coisas que a edição de som faz aqui é que eu queria criar um sentimento como se toda a casa estivesse viva durante esta entrevista.
Queria que a casa quase respondesse às questões que Ed está fazendo, então ela fica estalando o tempo todo, como se estivéssemos em um navio, sabe… meio que quebrando, as placas no chão se abrindo, achei que seria interessante brincar com isso.
Aqui é onde eu deixo tudo para o meu trabalho de câmera e que a edição de som faça muito da narrativa. Agora voltamos o foco para ela (3:37), que busca o copo vazio para que possa cuspir, provando que ela não fez a voz.”
O vídeo no site original pode ser conferido aqui.