Efeitos Visuais ou Especiais? Conceitos Básicos de VFX
Quando você terminou de assistir ao último Star Wars saiu do cinema dizendo que estava abismado com os efeitos especiais dele, não… quer dizer, os efeitos visuais?
Bom… no caso de Star Wars os dois efeitos estão bem presentes, então a confusão nem é tão problemática, mas que tal deixar claro o que cada um quer dizer e ensinar os conceitos básicos de VFX?
Conceitos Essencias para VFX
Efeitos Especiais
Os efeitos especiais, também conhecidos como SFX, SPFX ou FX, são efeitos físicos reais que ocorrem no momento da gravação, eles podem ser geralmente mecânicos ou ópticos e vão desde coisas mais simples, como vento ou chuva no set, até estruturas muito complexas e perigosas, como uma série de explosões.
O vídeo a seguir mostra alguns dos efeitos especiais de Mad Max: Estrada da Fúria, que foi um filme marcado pela presença de muitos deles:
A execução de efeitos especiais perigosos geralmente envolve, além da equipe de desenvolvimento do efeito, somente as pessoas estritamente necessárias para a gravação.
Em geral, apenas o primeiro assistente de direção está presente próximo a o que vai acontecer, seguindo orientações dos profissionais especializados e assegurando que normas de segurança estejam sendo adotadas e seguidas.
Efeitos Visuais
Efeitos Visuais ou VFX são uma série de processos aplicados a imagens reais e criadas por computação, visando integrá-las de maneira sútil e homogênea em cenas onde a gravação seria impossível pelo orçamento, perigo ou qualquer outro motivo.
Apesar de ter a maior parte do seu processo executado na pós-produção, os efeitos visuais são pensados e planejados bem antes, em geral nas etapa de pré-produção e produção.
Composição
Composição, em linhas gerais, refere-se à combinação de diferentes elementos em uma cena para que ela se torne uma imagem única e passe esta sensação visual.
Geralmente você terá uma cena gravada com fundo verde ou azul e trabalhará inserindo os mais variados tipos de elementos nela.
Durante este processo você acertará níveis e detalhes técnicos em cada uma das camadas envolvidas e seus respectivos elementos, para que o resultado final seja uma imagem única.
Tracking
O tracking é utilizado para obter informações de movimento da câmera e depois reaplicá-las aos elementos que não estavam presentes na gravação. Como no exemplo do vídeo, ao apenas inserir o tigre ao plano base ele ficará parado no espaço 2D da tela enquanto o barco se movimenta, por isso utilizamos o tracking e o associamos à camada estática.
Em poucas palavras o traking seria: uma sequência de informações de posicionamento calculadas quadro a quadro pelo software. Para maior precisão, durante a gravação há alguns tracking points que são marcas (pequenos pontos ou alguns “X”, por exemplo) usadas para obter alto contraste entre duas cores.
Rotoscopia
No mundo dos efeitos visuais rotoscopia quer dizer o recorte de algo manualmente para inseri-lo em outro quadro ou adicionar algo sob a imagem. Por exemplo, quando você grava uma cena sem fundo verde, a imagem final é uma só! Recortá-la automaticamente torna-se quase impossível, pois não há uma cor padrão única para exclusão.
Isso torna necessário o recorte manual, neste caso o usuário cria uma máscara com a seleção feita por ele no software e vai ajustando-a quadro a quadro até o final do plano.
Keying
O chamando “Keying” é um dos processos essenciais mais famosos dentro do VFX, ele também é conhecido com Chroma Key, entre outros nomes. O conceito é simples: a gravação é feita em frente a um fundo verde ou azul e na pós se “diz” ao computador que aquela cor específica deve ser retirada, pronto, se foi bem executado, seu objeto terá um recorte bem feito após poucos ajustes.
Pequenos detalhes podem fazer toda a diferença no seu produto final, quando não se toma cuidado com algum aspecto, ou é fisicamente inviável fazer o chroma perfeitamente, isso pode acabar comprometendo o recorte.
Adivinha qual a solução mais comum? Horas e mais horas de rotoscopia para deixar tudo certo na sua composição.
Matte Painting
A técnica de Matte Painting no cinema teve início há muito tempo atrás, ela consiste na reprodução de ambientes que não existem, ou onde seria impossível gravar na vida real.
Antes do início digital, um dos processos mais comuns era um artista literalmente pintar a imagem com a perspectiva necessária para a cena. Seria como montar manualmente a cena que hoje é toda feita na pós, lembrando que essa é uma explicação curta.
O documentário a seguir conta a história de Peter Ellenshaw, um dos principais artistas dessa área:
Elementos 3D
Os elementos 3D são praticamente um universo a parte com várias etapas e detalhes. Geralmente o artista acaba se especializando em alguma delas, ou então torna-se o que chamamos de generalista, isso quer dizer que ele consegue executar vários dos processos em um nível muito bom e que pode ser utilizado em peças profissionais, mas não necessariamente com tanta precisão, rapidez ou perfeição quanto um especialista. Algumas etapas da construção 3D são:
- Modelagem: é todo o processo de construção de objetos, que geralmente tem início com um ou vários sólidos até chegar ao produto final, ele pode ser bem técnico como peças de motores, por exemplo ou bastante artístico com a utilização de programas como o ZBrush, onde você praticamente esculpe seu modelo quando necessário.
- Texturas: feito o modelo o próximo passo será a inserção de texturas, pois, por enquanto, ele é uma massa sem cor. As texturas podem ser criadas em softwares 2D como o Photoshop e aplicadas ao modelo, a utilização de sombras e gradientes em cores também podem criar efeitos de profundidade que você não definiu na etapa de modelagem.
- Simulação: ocorre quando você simula eventos através do controle de variáveis no software, ou seja, ao simular água você não precisa pensar matematicamente no movimento da água, o software já faz este trabalho por você, sua parte é definir outras variáveis para chegar a simulação que deseja, o que nos leva ao tópico seguinte.
- Partículas: é um efeito muito usado pois serve de base para a construção de vários fenômenos, tais como água, fumaça, poeira. Com base nas partículas, e em como você define suas variáveis, é que se torna possível chegar ao resultado que você precisa.
- Materiais: o material ajuda a chegar ao resultado que você busca com o objeto em conjunto com a textura, quando você define as características do material o objeto passa a responder de acordo com essas especificação quanto à iluminação e outras características.
- Rigging: antes de ser enviada aos animadores nossa malha 3D precisa passar pelo processo de rigging, nele os profissionais responsáveis irão inserir ossos e articulações ao personagem criando uma hierarquia de movimentos. O rig de um personagem pode demorar de horas a semanas e é essencial para que o animador consiga trabalhar de maneira eficiente.
- Iluminação: sua peça 3D precisa ser iluminada, assim como nós somos na vida real, e o processo de iluminação 3D é praticamente uma emulação do mundo, por isso alguns diretores de fotografia já usam maquetes 3D do seu set para definir iluminações e distâncias, quanto mais você souber de fotografia, melhor iluminado seu objeto será.
VFX 101
Como já foi citado anteriormente, estes são alguns dos fundamentos essenciais no campo dos efeitos visuais, geralmente em qualquer plano que contenha VFX sempre haverá mais de um deles trabalhando em conjunto para obter o melhor resultado.
Alguns envolvem características mais artísticas, como o matte painting e a composição, enquanto outros geralmente vão pedir uma abordagem mais técnica, como a rotoscopia ou o próprio keying.
E você, tem se aventurado muito nessa área? Quais os principais desafios que tem encontrado em seu dia a dia?
Cabe um agradecimento especial ao amigo Diogo Augusto Gonçalves na revisão sobre elementos 3D.