Os últimos anos do videocassete
A Funai Electric, que chegou a produzir 15 milhões de peças no auge, anunciou o fim da produção em julho.
Provavelmente você já leu ou ouviu o comentário que a última fabricante de videocassetes anunciou o término da produção. Por isso resolvemos compilar algumas curiosidades sobre a tecnologia neste post e compartilhar algumas notícias da chegada do sucessor, o DVD. Na sequência colocamos a notícia na íntegra para quem ainda não sabe, caso já tenha lido pode pular este trecho.
A última fabricante de videocassetes no Japão tomou a decisão por conta da baixa demanda pelo produto, ano passado foram vendidas cerca de 750.000 unidades, além disso a baixa disponibilidade de peças ajudou na decisão, a Panasonic e outras empresas já haviam deixado o mercado há algum tempo atrás.
A empresa, que usava a marca Sanyo em várias partes do mundo, costumava vender cerca de 15 milhões de unidades anualmente, número que foi caindo com o lançamento do DVD, Blu-ray e posteriormente de outras tecnologias como o armazenamento em discos rígidos.
Com este anúncio os aparelhos passam a ser oficialmente parte da história das pessoas que viveram entre as décadas de 80 e 90. Mas apesar disso a venda de fitas VHS pela loja da Amazon continua a todo vapor.
Como a própria notícia diz, apesar do encerramento da produção ainda é possível encontrar muitas fitas sendo vendidas tanto na Amazon, quanto Ebay ou Mercado Livre, este parece ser um mercado que irá continuar por alguns bons anos. As notícias a seguir são parte do acervo da Revista Superinteressante e ajudam a relembrar um pouco mais a época em que o DVD chegou ao Brasil. Para ler a notícia na íntegra é só clicar no título.
DVD: o disco que toca filmes
Em julho de 1996 a Revista falou sobre o DVD ou “o disco que toca filme” e que poderia armazenar até 30 vezes a capacidade de um CD. Eles citam uma transição gradual dos nossos videocassetes para o formato, o que realmente aconteceu se imaginarmos que a produção oficial do primeiro só teve fim vinte anos após a matéria. O trecho “Como fica a sua vida digitalizada” é muito interessante e mostra como seria a produção de um documentário com pessoas em diferentes lugares do mundo, algo que hoje até mesmo um consumidor amador consegue executar.
O pulo do DVD
Já em novembro de 1999 a Revista fala sobre os preços dos aparelhos. Se a notícia sobre o início do DVD é de meados de 1996, os aparelhos só chegaram ao Brasil em agosto de 1998. Custando cerca de 1000 dólares em seu lançamento americano, os equipamentos custavam cerca de R$ 900 na data de publicação da revista, lembrando que devido a inflação acumulada, os R$ 900 de 1999 hoje em dia seriam equivalentes a mais que o triplo deste valor dependendo do índice aplicado para a correção. Quem viveu este momento lembra que sempre houve o papo de que os DVD’s iriam ficar mais baratos com o tempo e isso realmente se concretizou.
Liberdade para o DVD
Em outubro de 2000 uma notícia curtinha falava sobre o lançamento do gravador de DVD’s da Panasonic, na época esta belezinha custava cerca de $4000. Além das mídias de DVD não serem nada baratas também!
Vídeo longa-vida
Em outubro de 2001 foi a vez da JVC lançar seu HM-HDS1 que por $ 1900 gravava as fitas cassete e outros sinais direto em um HD de 20GB. Inclusive é possível achar o vídeo promocional no Youtube:
O fim
Toda tecnologia está fadada a ficar obsoleta em algum momento e com as fitas VHS não foi diferente, mas ao contrário do vinil que possui algumas características mais “justificáveis” para colecionadores optarem por obter um disco, a principal motivação para colecionadores de fitas provavelmente será o saudosismo. Embora a maioria das coleções sejam exatamente guiadas muito mais pela emoção do que pela qualidade do item colecionado.
Muitos que estão lendo este texto talvez tenham tido suas primeiras aulas de edição exatamente com os vídeocassetes, numa época sem computadores conseguir “editar um filme” e colocar outra cena dentro dele ou redublar algum vídeo era o ápice deste pequenos editores adolescentes! Sem esquecer que falamos de uma edição linear, sem muito ou nenhum espaço para erros! Haja pressão.
Aos que viveram a era do VHS fica a nostalgia de gravar seus filmes favoritos na tv retirando os comerciais, de ser o “especialista em videocassete da casa” mesmo com menos de 10 anos de idade, de agendar uma gravação para o programa que passava muito tarde, das fitas coloridas e com capas especiais.
Já para quem nasceu no começo da era do DVD (que segue a mesma trajetória) essa aposentadoria é mais uma lição que a tecnologia é apenas uma ferramenta que ajuda a contar histórias, nada além disso. Utilizá-la como protagonista quase sempre não é uma boa ideia.
Assim como Cidadão Kane sobreviveu a todas as mudanças tecnológicas e ainda continua sendo uma aula de cinema, qualquer filme bom será indiferente à sua distribuição em VHS, DVD, Bluray ou streaming. Pois os meios passam, mas as boas histórias ficam.